O Projeto Ressignificar é um farol para esse ateliê. Ele foi criado para reduzir a extração de matéria prima, principalmente o ouro, como busca por formas mais sustentáveis e éticas de lidar com recursos naturais e também dar vida a peças esquecidas nas gavetas, muitas vezes com histórias que vão se apagando no esquecimento. São dois aspectos muito delicados e poderosos ao mesmo tempo. E o projeto ganhou luz própria, ele traz questões profundas com as histórias individuais e com a importância social e ambiental, na busca por uma economia circular, a favor da vida.
Na primeira etapa lançamos um convite aberto para que algumas histórias fossem selecionadas para a ressignificação da peça e participação nessa coletânea de registros que iniciamos aqui, com essa publicação do depoimento da Jessica de Lima.
"Eu nasci em 1990, exatamente no dia que meus avós fizeram 35 anos de casados. Fui a primeira neta de Dona Rosário e Seu Ramos.
Sempre fui muito apegada aos meus avós maternos. Principalmente a minha avó. Eu e minha irmã sempre passávamos o mês de julho na fazenda onde eles foram morar ao se aposentar. [...] Me lembro muito de caminhar pela fazenda com a minha avó e sempre que passávamos pelo pé de piriquiti catávamos algumas sementes vermelhas que guardávamos em um pote de plástico verde para contar os pontos no dominó. Dominó que era jogo sério na fazenda. Apenas os adultos eram autorizados a jogar e sempre era muito disputado.
Em 2017 minha avó faleceu, naquele momento eu estava esperando abrir um concurso que eu pudesse fazer com as minhas qualificações. Fazia um ano que eu esperava porque já tinham aberto outros que eu não pude me candidatar. Uma semana depois de sua morte, abriu. Resolvi transformar meu luto em estudo e prometi a ela que seria eu a aprovada para a única vaga do concurso. Me dediquei integralmente a isso. Durante a semana de provas em um momento decisivo e de muita angústia olhei para o chão e ele estava vermelho repleto de sementes de piriquiti. Naquele momento meus olhos se encheram de lágrimas e eu tive certeza de que minha avó estava comigo e de que tudo daria certo. E deu. Acho que minha avó mexeu os pauzinhos no céu para eu morar em Alagoas, onde ela nasceu. E quando eu conheci Iuri, um homem de coração tão bom, eu também creditei isso à ela.
Em 2020, meu tio me presenteou com as alianças que foram dos meus avós, acho que por eu ser a neta mais apegada a eles. Nesse ano eu assinei a união estável e tive uma filha. Pretendo me casar no futuro e usar alianças. Mas não queria usá-las como estão. Acho que carregam muito o peso da história dos meus avós. Queria repaginá-las para que, ainda carregando o valor simbólico para mim, elas significassem uma nova história de amor e união: a minha história com Iuri."
Se você quer dar um novo significado a suas joias entre em contato
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