Líricas

Líricas
O mundo se fechou e me empurrou para um período de interiorização. A realidade parecia um lugar perigoso de estar, me tornei semente.
A coleção Líricas veio do período de isolamento social. Na limitação imposta, busquei recursos, processos terapêuticos, respostas internas. Mergulhei na quietude. Esperei. Da espera reconheci que o tempo transforma e cria vida. Identifiquei o ciclo, me nutri, me reguei, sonhei. As peças da coleção vieram como brotos, me mostraram que a vida era possível. As espécies vegetais começaram a povoar meu trabalho. Galhos, ramos, botões me cercaram. Arruda, lavanda, trigo ocuparam os anéis e medalhas. Migraram para novas coleções.
O processo que começou ali, naquele momento, não parou e se mantém. Desde então, nas parcerias, nas viagens, na psicoterapia, nos relacionamentos me vejo nesse ciclo, de nascimento e renascimento, eu broto e rebroto.
A Líricas vai renascer com a primavera. Tem flor em botão e cheiros e cores dançando com insetos polinizadores. Uma tatuagem no corpo que diz: "...."